É engraçado ler meus textos, eu tinha um coração tão ingênuo, tão bonito. Mas agora ta tudo tão vazio, não tenho mais vontade de pedir ou dar carinho. Não tenho vontade nem de conhecer alguém.
Que culpa eu tenho se o coração pede pra eu ir atrás só mais uma vez? Pra eu ligar só mais uma vez? Pra eu tentar só mais uma vez?
Me diz, amigo, como é que eu faço pra esse “só mais uma vez” deixar de acontecer várias vezes?
— Casebre
Um dia, perguntei para o psiquiatra: sou bipolar? Ele me disse: de bipolar você não tem nada. Você é sincera e tem sentimentos intensos. E me explicou a origem da palavra sincera, que vem do latim e significa “sem cera”. Antigamente, carpinteiros e escultores usavam cera para disfarçar os defeitinhos de esculturas e móveis de madeira. Então, eles lixavam, passavam verniz e tudo ficava aparentemente perfeito e em ordem. O aspecto das peças era magnífico. Com o passar do tempo, do frio, calor e uso, a cera ia se desmanchando e os defeitos iam ganhando vida. Sinceridade é “sem cera”, ou seja, sem máscaras, sem retoques, sem querer ser o que não é. Achei bonita a explicação dele. E triste. Dói ser “sem cera”.
É claro que o avanço da tecnologia trouxe incontáveis benefícios para a vida das pessoas. Mas acho que também trouxe um gosto de solidão. A moda é marcar aquele churrasquinho no domingo ou um happy hour no meio da semana pelos “eventos” do Facebook. Acabou a ligação e o convite individual, pois ninguém quer perder tempo. Grandes notícias são dadas através de redes sociais, bem como fotos de viagens são postadas a todo instante. A pergunta que fica: você aproveita mesmo sua vida? Ou vive uma vida para mostrar para os outros? Constantemente observo casais em restaurantes e bares em sintonias opostas. Parece que não querem estar ali, um com o outro, um tentando achar detalhes nunca antes vistos no seu par. Nas mãos, um iPhone, um Blackberry. Na cabeça, qualquer outra coisa, menos a pessoa que está ali na frente. Desrespeito? Desamor? Não sei, mas é triste ver que não existe mais olho no olho, tentativas de descobertas, pois a gente sempre tem o que descobrir da outra pessoa, sempre. Paralelamente a esse curioso processo, surge a carência. Eu sou carente, preciso de atenção, no fundo me sinto perdido, sozinho e quero que você me curta, me ache legal, me aceite, me insira no seu grupo de amigos, me coloque na sua vida, não me esqueça, me ame e diga para os outros como sou bacanudo. O ser humano está dia a dia mais carente, mais reativo, mais desconectado de si mesmo. Sim, é preciso estar conectado consigo para se conectar com os outros de uma forma positiva. Uma palavra entendida de uma forma errada gera um conflito sem fim, interpretação de texto é um luxo que nem todo mundo possui. As pessoas andam armadas, à espera de qualquer passo em falso do outro para atacar. E atacam feito bichos sedentos, famintos de sangue. O mais interessante é que nem sempre o outro realmente te ofendeu. Mas se você se sentiu ofendido, se você entendeu errado, se você não prestou direito atenção é claro que vai partir para cima do objeto da sua ira. Isso gera desgaste de relações, gera desamor, gera uma angústia, gera solidão e vira uma bola de neve. Você segue sendo carente e sozinho. Até o final da vida.
—Clarissa Corrêa.
Advogados, médicos, bombeiros, mecânicos, eles é que ficavam com a grana toda. Escritores? Os escritores morriam de fome. Os escritores se suicidavam. Os escritores enlouqueciam.
—Charles Bukowski.
Só queria não precisar de ninguém. É complicado, porque partidas são inevitáveis, e poucos são aqueles que estão dispostos a abrir mão de tudo por alguém.
—Sean Wilhelm.
Quero ler mais livros. Escutar mais músicas. Assistir mais filmes. Quero ter menos preguiça, sentar mais no chão, correr mais pelo parque. Sabe, essas coisas fazem com que eu me sinta livre. Acho ruim a gente ter que se aprisionar. Quero sair de noite, caminhar sem rumo, ficar olhando para o céu. Pode soar bobo, mas isso pra mim é tão importante.
—Clarissa Corrêa.
Talvez seja assim mesmo, eu não nasci para vivenciar um amor, apenas admirá-lo, quem sabe.
Hoje resolvi falar sobre ela, não que isso seja uma tarefa fácil, ta, ela não é uma tarefa fácil. Ela é um poço de defeitos. Confusa, do tipo que da um passo á frente, e uns dez pra trás, ela nunca vai falar o que ta sentindo na hora certa, vai deixar pra uma hora que aquilo não tiver mais sentido algum. Ela é estranha, e com ela não existe isso de “equilíbrio” ela é sempre o extremo, a ponta da linha, ela é dramática demais, chata demais, tudo demais. Você pode esperar tudo dela, mas, ela acaba fazendo o que você nunca esperava, é imprevisível. Ela é linda, tem uma risada que me desequilibra, perto dela eu me sinto tão… é tipo assim, ela é o oceano, enquanto eu sou gota d’agua. Me incomoda que ela fale pouco sobre ela, mas, é sempre assim, ela prefere que você se foda pra tentar descobrir o que ta passando na cabeça dela, e não é fácil, outra vez, ela faz questão de te dar mil opções, e resolve dar a verdadeira pro final. Já disse como ela é idiota? Ela é, se bem que ela disfarça bem, mas, no fundo, ela adora idiotices, é apaixonada por pessoas idiotas. Ela é apaixonada, eu não sei exatamente pelo quê, deve ser uma coisa muito maneira, porquê eu sinto vontade de me apaixonar também. No fundo, ela acredita nas pessoas, lá no fundo, ela quer que tudo dê certo. Ah, ela é mestre em fugas repentinas, deveria ser professora disso.Ela é uma crise, sabe a ultima combinação do cofre? Então, ela passa longe disso, eu suponho, que nunca vá conseguir adivinhar ou entender as loucuras dela. Ela me assusta, ela me encanta, ela é complexa, incompleta demais, parece que o tempo todo ela anda perdendo peças dela por aí, se ela fosse um quebra cabeça, ia ser mais fácil pra mim, um pouco de tempo, paciência, e dedicação, seriam o bastante, mas, ela não ta nem perto de ser um quebra cabeça, ta mais pra projeto inacabado de laboratório, a Sinfonia que Mozart não conseguiu tocar, a ideia que Einstein não teve, a frase que Shakespeare esqueceu de escrever, aparentemente, essas coisas, ninguém sente falta, mas, cara, ela nasceu pra fazer falta. Ela é saudade. Não me resta muito tempo com ela, eu acho. Ela é uma criança, um campo minado, as vezes eu tenho a impressão que ela é um exercito, depois, eu a vejo outra vez, tão pequena, tão perfeita, e escuto a respiração dela no telefone, e acima de tudo, ela é o meu mundo. Ela tem umas manias bem particulares, conheço poucas, bem que eu queria que ela fosse um pouco menos fechada, mas, meu passatempo predileto, é tentar descobri-la. Ela faz o gênero missão impossível. Ela é um problema, um problemão, ela balança com minha estrutura, vai entender, talvez eu devesse andar com um daqueles tubinhos de jato para asma. Ela é bem agridoce, tem um jeito meio embriagado, outro responsável demais, do tipo que não foge de casa no meio da noite pra ir olhar o céu lá fora, acho que ela gosta disso, ficar no lugar dela, o espaço dela, já disse que ela tem um “Keep Out” na cara, acho que faz isso pra facilitar as coisas. Depois de tudo, ela é simples, tá… depois de muito, ela é bem simples, digo, a essência, ela é impossível, deve ser por isso que eu a amo, é isso. A impossibilidade de finalmente entendê-la, e saber o que falar pra ela na hora exata, o que não falar, conosco é tudo muito improvável, muito acidental, ela é meio desastrada, cá entre nós, ela tem um queda por desastres, meu plano com ela é simples, se der errado, dane-se, tento outra vez. É estranho, ela deveria ter vindo com um manual, sei lá, umas dicas, mas, ta tudo bem, pra uma pessoa apaixonada por idiotas, com uma habilidade peculiar de confundir as pessoas, e por ter um aptidão por desastres, ela ganhou pontos comigo. Foi desenhada assim, toda sei lá, só pra me fazer feliz. Se você passar um dia com ela, não vai entender 1% do que eu to falando, se passar uma vida com ela, vai continuar no 0x0. É que, ela é um livro inacabado, a parte “tcham” da história, ela acaba comigo, me sinto completamente desprotegido, literalmente, ela é minha kriptonita. Ela foi feita pra mim, eu só não sei como dizer isso pra ela.
—Sorry, I’m not Chuck Bass.
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