“Um homem pode apaixonar-se por um sorriso, um gesto ou apenas no primeiro e mais curto olhar. Um olhar que pode ser apenas por reflexo, mas a paixão não quer saber disso. E o que acontece na maioria dessas situações é sempre, ou quase sempre, a mesma coisa. Você simplesmente olha, apaixona-se, vira o rosto quando a perde de vista e segue seu caminho se lamentando por não ter tido ao menos a bondade consigo mesmo de pensar em falar um simples bom dia. Pode ser que eu não entenda, que isso seja incompreensível ou que seja simplesmente inexplicável. Mas o que eu senti quando a vi foi demasiado desconfortante. Claro que por eu ser um homem sério e cauteloso não esbocei o mínimo interesse por essa situação, por mais que minha caixa torácica se tornasse pequena para meu coração com crescimento precoce. Aparentemente eu poderia estar apaixonado, mas preferi acreditar que não passou de um enlevo momentâneo. Mas de sentimento efêmero e desimportante, tal arrebatamento em meu peito tornou-se dolorido e constante. Derramei o bom dia não dito em poesias, assim como furtei seu olhar extasiante e nele pensava ao ouvir toda e qualquer melodia. E de homem áspero e fugaz encontrei-me desesperadamente preso às lembranças daquele momento, sendo consumido pelas fraquezas humanas que só um homem apaixonado conhece. Tornei-me cada segundo mais dependente de qualquer semblante que lembrasse o dela, para que aquele sublime instante em que nossos lábios se encontrassem fosse mais do que apenas criação da minha mente. A perda de meu ceticismo diante os fascínios prematuros do amor recém descoberto me levaram a nutrir duas premissas que mudaram minha vida. O ressaibo de se ver apaixonado por algo que não se pode ter. A consternação pelas oportunidades perdidas. Ambas fazem um homem sofrer. A paixão não vivida é o paroxismo do amor.”
“O vento explode nas nucas desprotegidas de um verão que já se foi. As árvores tingem calçadas e ruas com suas flores que desbotam com o tempo. E que tempo é esse? Que tempo é esse que nubla o céu e despenteia os cabelos, que o Sol se esconde e folhas secas viram gotas de chuva? Que tempo é esse?”
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